quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Em defesa da pirataria

Em defesa da pirataria


O primeiro representante do Partido Pirata no Parlamento Europeu quer garantir o direito de baixar arquivos. E lutar pela democracia


 Divulgação
NOVA FORÇA: o partido de Engstöm é o mais jovem da Suécia







Christian Engström é o primeiro pirata eleito para o Parlamento Europeu. A partir de outubro, quando tomará posse, o programador de 49 anos será o representante europeu de mais de 225.915 suecos que votaram na legenda do Partido Pirata - agora a terceira maior da Suécia.

Engström vê com bons olhos iniciativas como a do site Spotify (que permite escutar canções, mas não baixar o arquivo), mas não acha que a troca de arquivos seja um problema: "Estão tentando criminalizar uma geração inteira. O mais importante é parar esse movimento", afirmou, por telefone, à Galileu.

GALILEU: Qual é a plataforma do Partido Pirata?
Engström:
 Primeiro queremos garantir o direito à comunicação privada na internet, prevista na Convenção Europeia de Direitos Humanos. A segunda coisa é reformar o sistema de propriedade intelectual, copyright e patentes. Somos a favor do copyright para fins comerciais, só que com restrições menores. Nosso terceiro objetivo é uma União Europeia mais democrática e transparente. Do modo como está, a maioria do poder da UE está com a Comissão Europeia, que não foi eleita, e acaba servindo ao lobby dos países mais poderosos.

GA: Um único membro pode fazer diferença? Engström: Acho que temos uma boa chance de sucesso porque existe um interesse muito grande no Partido Pirata e no que defendemos. No nosso caso, é a defesa da proteção das liberdades civis na sociedade da informação. Se não conseguirmos protegê-las, estaremos em sérios problemas.

GA: Os políticos de hoje têm conhecimento para legislar sobre as novas tecnologias?
Engström:
 Muitos deles não entendem o quão importante são as novas tecnologias. Acham que elas são só um brinquedo que pode ser retirado das mãos do internauta se ele se comportar mal.

GA: Como você vê a condenação dos criadores do site The Pirate Bay ? Engström: O julgamento todo foi uma desgraça. Eles foram condenados a pagar 3 milhões de euros por compartilhar 33 links. O veredicto não se sustenta, pois vai tornar ilegal a publicação de links. Se conseguirmos deixar as leis mais claras, então o veredicto estará errado e eles se livrarão no final.

GA: O sucesso atual do seu partido se deve muito ao Pirate Bay. As pessoas misturam as coisas? Engström: Somos organizações separadas, mas dividimos a mesma visão sobre a necessidade de reformar o copyright. Há 20 anos, tudo o que queríamos fazer como pessoas privadas era legal ou impassível de condenação. Emprestar um disco para o seu amigo gravar, por exemplo. Agora as gravadoras querem mudar as leis para fazer a cópia privada ilegal. Isso vai contra os direitos humanos.
Filipe Borin

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